terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Suplemento

su.ple.men.to
sm (lat supplementu) 1 A parte que se junta a um todo para o ampliar ou aperfeiçoar; aquilo que serve para suprir qualquer falta. 2 Aditamento a um discurso ou exposição anterior no sentido de os completar ou de preencher quaisquer lacunas; o que se ajunta a um livro para o completar. 3 Adição natural ou necessária; complemento. 

supplement
late 14c., from L. supplementum "something added to supply a deficiency," from supplere.

suplemento
"uma adição, um significante disponível que se acrescenta para substituir e suprir uma falta” (DERRIDA, Jaques. 1976, p. 88)


Quando eu troquei o real pelo fictício? Quando eu troquei um peito de verdade por um filme pornô hardcore de quinta categoria? Acha que eu sei? Se soubesse, não estaria perguntando. Quer dizer...eu sei quando eu troquei. Talvez a pergunta não esteja correta. Talvez devesse ser “por que eu troquei um peito de verdade por um filme pornô hardcore de quinta categoria?”.
Peitos de verdade dão trabalho. Peitos de verdade te pedem pra ir no cinema, pra ir a restaurantes, te pedem carinho e essas coisas que peitos de verdade costumam pedir. Eu não quero peitos de verdade pedindo coisas. Quero peitos fictícios.
Se eu sair pra pegar cigarro, vou ter que vestir uma roupa, colocar tênis...to fedendo? é, um pouco de asa. Página de perfil, atualizações. Nada de diferente pra ler! E eu com a tua família? Por que as pessoas ficam postando todas as fotos idiotas das suas vidas idiotas? “Olha meu novo cachorro!” “Encontrei um adestrador para meu novo cachorro.” Se a Força funcionasse com as pessoas de mente fraca pelo sinal de internet, eles tavam fodidos!
Quero um cigarro! Só tem erva! Não serve, não agora. Por que não agora? Só porque é cedo? Cedo pra quê, caralho? Mal dá pra enxergar lá embaixo. Apenas pontos que se movem. Pontos que não fazem a menor diferença na minha vida. Ou fazem? Eu existo, aqui, sem eles, sem ninguém, sem alguém.
Ninguém ou alguém. Qual a diferença? Tou filosofando demais. O jeito é fechar um por enquanto. Na Tunísia, as pessoas estão se matando. Que novidade... as pessoas estão sempre se matando. Guerra...a guerra nunca muda! Ou seriam as pessoas? Em Tróia os caras lutaram por peitos de verdade, por isso prefiro peitos fictícios ou peitos que não pedem nada, como peitos pagos. É...hoje era uma boa!
Calor, cerva gelada, um boquete e uns peitos pagos...FTW! Mas como eu queria um cigarro agora! Só tem seda grande...nops. Se eu tivesse saído ontem, podia ter comprado cigarros e os peitos de verdade podiam estar aqui fumando comigo. Ou eu podia estar fumando sozinho, mas teria cigarros agora. Um copo limpo nessa casa é raridade. Cabelo?
Duas semanas e ainda tem cabelo aqui? Na cama tudo bem, não durmo lá tem o quê...uns seis dias? Mas no sofá e na minha roupa é demais. Nojo. Cabelo pela minha casa. A casa é suja, mas reminiscências pelo arquivo indesejado já é demais. Podia prender aquela porra...fazer uma trança ou algo assim. Mas não! Eu estive aqui, veja meu cabelo pela casa...eu sempre estarei aqui.
Eu não te quero aqui. Puta que pariu, quero um cigarro. Não vou descer agora.
Mensagem no celular: “Você acaba de ser sorteado! Tem direito a uma chupada. Seu prêmio deve ser resgatado em 10 minutos no quarto ao lado ou será dado a outro”. O prêmio está no quarto, deitado de cabeça pra baixo. Os cabelos pendurados. Larguei o cigarro e os peitos de verdade pediam por mim. Na meia luz do quarto, ela colocou na boca, mexeu de forma delicada, mas firme... Gozei na boca dela. Ela sorriu. Peitos de verdade que te fazem querer foder mesmo tendo acabado de gozar. Gozei de novo. Ela apertava entre os dedos o lençol que não era trocado tinha semanas (a empregada se demitira). Ela gozou.
Merda de cabelo pela minha roupa. Como pode estar por tudo? Preciso de um cigarro. Sem cigarro, só com seda longa...punheta.
Sem som pelo apartamento, o mundo tá lá embaixo, longe. Os cabelos pela casa e ela não sei onde. Não que me importe. Não que não seja nela que eu pense agora. Mas são só peitos de verdade inspiratórios. Nothing more nothing less.

Don't get offended
If I seem absent minded
Just keep telling me facts
And keep making me smile

Meio-dia. Ainda todo o dia ainda! Preciso de um cigarro. Podiam vender por tele-entrega. Não vendem remédios? Cigarros são como remédios. As pessoas podem morrer sem eles, assim como podem morrer com eles. Um copo limpo e água. Depois, um cigarro. Podia ser uma coca. Não tem coca. Vou ter que descer. Tou fedendo.
Quer um café, uma água? Tem coca? Não. Café então. Peraí, vou lavar um copo. Tudo bem. Pode trocar de lugar? Prefiro esse que tu tá sentada. Tudo bem. Vai me dizer que tu analisa a posição do sofá? A direção do vento? Sim. Por isso prefiro esse lugar. Toma aqui. Obrigada. Que tá vendo? Só um curta de animação. Tava baixando ontem e agora finalizou. Quer ver? Pode ser? Tem mais café? Já tomou? Tava com sede. Quer outra coisa? Quer dizer...só tem água ou café. Café. De quem é a animação? De um cara sueco. A menina parece contigo. É? Deixa eu ver. Parece...o cabelo principalmente. É, é o cabelo.
Eu não abracei, mas queria ter abraçado, mas não abracei. Só ficaram os cabelos. Eu mandei embora. Não quero cabelos na minha roupa. Não quero peitos de verdade pedindo coisas. Preciso de um cigarro. Para o almoço: Doritos, banana e chocolate. E água.
Estômago. Dor. Sono. Quatro horas e quarenta e quatro minutos depois. Ainda dor ainda. Carteira de cigarros. Não tem cigarros. Preciso de um cigarro. Sem banho, desço.  Oi, porteiro. Tchau, porteiro. Mentira, nem olhei.
Na carteira, nenhum dinheiro, mas tem cartão. Com cartão, só o pacote moço. Só o pacote? Só o pacote. Me dá um pacote então. Com um pacote, sigo feliz. Ainda fedendo. Alguém ou ninguém sentiu?
Um pacote, dez carteiras. Dias de cigarro. Dois dias de cigarro e não tem mais cigarro. Punheta. Punheta. Punheta. Cabelos pela casa. É melhor limpar. 

Um comentário:

  1. Post maravilhosamente dolorido, Aline. Me identifico totalmente. Believe me. :)

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